terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mapa do Tesouro

No dia 14.04.1984, depois de me apresentar ao meu primeiro diário, escrevi sobre minha família, amigas e meus bonecos. Naquela época tinha 9 anos e, além da natação e vólei,  eu fazia yoga e balé. Disse balé? Parece que foi em outra vida!

O primeiro dos meus diários é todo desenhado, colorido e contém muitas surpresas. Colei uma das 64 cartinhas que fizemos para brincar de sorteio do “Mundo da Criança” e também algumas cartas enviadas por uma amiguinha das férias em Diamantina.

O mais bacana de tudo foi achar um mapa que a Dinda Lina e a Lu Malta fizeram em 1983, cheio de significados, simbolismos e mistérios: “a caverna dos esqueletos”, o “vulcão maldito”, a “casa do Pirata Balofo”, “3 coqueiros”.

No rodapé do papel de seda, hoje ainda mais amarelado e quase apagado, constam algumas dicas:

Mapa do Tesouro 1984* Perto do vulcão maldito mora um gigante e seu irmão bêbado, que a noite e de manhã explode o vulcão com sua tosse.

* O pirata Balofo gosta de tigres.

* Tigres sobem no primeiro e terceiro coqueiros

* O esqueleto mais velho sabe alguma coisa.

A ilha do tesouro era o quintal da nossa casa na rua Getúlio Vargas e as pistas nos conduziam ao  bauzinho de madeira que estava repleto de balas chita e pirulito campeão.

Vulcão maldito era o Chalé do Chico que bebia e explodia em tosse durante a madrugada e de manhãzinha.

A Casa do Pirata Balofo era o Chalé do Paulinho que era bem gordinho e vivia pajeando o Cirrus, nosso amado gato preto, que era um dos “tigres” que gostava de subir em dois dos “coqueiros” que eram a pitangueira e dois loureiros .

E, finalmente, a caverna dos esqueletos era a nossa casa, sendo cada um de nós uma caveira ha ha.

Pensando bem, não dá para deixar de admitir ter sido boa a proibição de assistirmos televisão nos dias de semana.

Por mais que ficássemos por fora do assunto na escola, fomos forçadas a nos virar e a criar no quintal um mundo de fantasia e de bricadeiras muito legais como essa, a fita novela, o mercadinho, o mapa do testamento e tantas outras. Tudo isso sem contar o quanto líamos  Ganymédes José.

Um comentário: