quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Monotemática

A idéia de fazer um blog para você veio quando a mamãe não sabia direito o que significava blog e twitter e não tinha descoberto a blogosfera. Há muito abandonei o orkut, mas ainda me divertia – um pouco - com o facebook, principalmente por causa dos amigos que eu e seu pai vamos colecionando a cada viagem. Atualmente o facebook anda totalmente abandonado. Fico meses sem acessar e não respondo as mensagens, notificações, os beijos, cutucadas, lollypops, coraçõezinhos e afins. Uma grossa assumida essa sua mãe!


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Contei aqui que durante minha licença maternidade resolvi reler os meus diários. No entanto, ainda não falei sobre a minha decepção ao descobrir o quanto eu era bobinha e o quanto camuflei e editei os acontecimentos da infância, abafando e silenciando nas entre linhas dores, raivas, desapontamentos e tristezas experimentadas naqueles dias. Não gostaria que isso se repitisse nesse espaço onde registro um pouco a nossa vida cotidiana, nossas descobertas e o seu primeiro tudo na vida e na minha enquanto mãe. Mas estou ciente que não existe garantia de que, no futuro próximo, ao reler essas palavras, eu não vá achá-las bobinhas… afff


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Como resultado do turbilhão de sentimentos surgidos desde o momento em que me descobri grávida, veio a necessidade de registrar o que estava eu experenciando durante o seu desenvolvimento e os preparativos para sua chegada.


Inicialmente a idéia foi fazer um álbum de bebê virtual com fotos e relatos da sua evolução. No meio do caminho comecei a inserir reflexões, pensamentos, devaneios, postei alguns diários de viagens e o Given to Fly foi ficando um pouco meu e um pouco seu.


Os registros foram ficando mais intimistas, com relatos de coisas pessoais sobre nós dois. As vezes vem uma dúvida sobre continuar ou não. Além da exposição, existe um medo de que a vida e o blog se misturem e se atropelem, um receio de que a existência do blog acabe por esvaziar o encantamento da experiência vivida para se tornar apenas um relato. Por outro lado, sempre achei que escrever é uma forma de abraçar a experiência e de vivê-la plenamente.


Recentemente, explorando a blogosfera materna, descobri que um montão de mamães escreve lindamente sobre os seus filhotes e venho devorando blogs como se fossem livros. Identifico-me com os relatos e torço por mães e bebês que nem conheço pessoalmente.


E, depois de emocionar-me com o Para Francisco, de encantar-me com o O astronauta, de gargalhar com o Piscar de olhos e filosofar com o Leite e Prosa me pego assim meio sem inspiração, sentindo-me pouco criativa, muito repetitiva e, como diriam a Flávia e a Roberta, totalmente monotemática.

sábado, 22 de outubro de 2011

Na sala de ginástica

1a 1mês na sala de ginástica (7)Olha daqui1a 1mês na sala de ginástica (6)  Olha de lá1a 1mês na sala de ginástica (11)  Olha daqui1a 1mês na sala de ginástica (17)E olha de cá…

domingo, 16 de outubro de 2011

Corujices

1 ano 4 meses banho de mangueira (5)Reconheço que o blog anda repetitivo e enfadonho e ando me perguntando se algum dia você terá paciência para ler tudinho o que a mamãe coruja registra por aqui… De qualquer forma, não consigo parar.

Assumo o vício e confesso que ando me segurando para não vir aqui contar sobre cada nova palavra, sobre cada descoberta e “grande feito” que só quem é mãe consegue entender.

Falando nisso, e aproveitando que já estou- desavergonhadamente - a escrever, digo-lhe que hoje de madrugada – tudo bem, já eram 7:20 da matina, mas levando em conta que é domingo e está chovendo entende-se ser de madrugada, não é? – ficamos maravilhados com o fato de você conseguir sentar-se sem ajuda na sua cadeirinha de chão! ohhhh, vai dizer que não é de matar de orgulho?

E você, também maravilhado com tamanho feito, ficou repetindo a façanha e batendo palminhas de felicidade, o que foi devidamente registrado por um cinegrafista amador.

1 ano 4 meses banho de mangueira (7)

Não posso deixar de falar também que seu vocabulário já tem mais de 20 palavras e que segue aumentando a cada dia.

Agora você já pede para abrirmos caixas, portas e janelas da seguinte forma: “abí mamãiiiiii”.

E quando quer que fechemos algo, você também pede para: “abí abí!”.

“Abô” – que antes era apenas acabou - agora também é usado para: fechou e apagou. Utilizando-se de uma sofisticada técnica linguística, uma mesma palavra é usada por você como verbo, adjetivo ou substantivo e também com significados diversos dependendo do contexto.

1 ano 4 meses banho de mangueira (6) Ahhh e, se não bastasse, você aprendeu que ‘buíí” – leia-se boi - é diferente de cachorro, cavalinho e passarinho. Olha só que avanço!!!

E logo que acorda da soneca, já começa a exigir: “bííí, bííí papaííí ” que significa subir para o segundo andar de onde se avista o céu, a lua, estrelas, aviões, passarinhos, bolas, Baby Einsten, Bebê mais e outras atrações mil.

A lá a lua!

PB120836

sábado, 8 de outubro de 2011

Devaneios

Outro dia, conversando com seu pai, percebemos que há mais de um ano e cinco meses não saímos a noite com nossos amigos, ou para um cineminha ou para namorar.

Na verdade, saímos uma única vez para o aniversário de um amigo, e nessa ocasião, a Tia Silvia ficou com você aqui em casa.

Naquela noite dançamos, rimos, jogamos conversa fora como há muito não faziamos. Foi bacana. Fizemos uma opção meio inconsciente pela maternidade/paternidade integral, que significa que, quando não estamos trabalhando, nos dedicamos quase que exclusivamente a você.

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Sinto muita falta de viajar. Colocar o pé na estrada sempre me atraiu e faço isso desde sempre, mesmo quando não tinha dinheiro para financiar passagens e estadia e mesmo tendo um pai – seu vovô Louwerens - para lá de bravo e autoritário. De qualquer forma, sempre consegui dar uma escapadinha aqui ou outra ali.

Gosto da aventura, da sensação de me sentir livre, fora da rotina, gosto de ampliar meus horizontes, de conhecer novas culturas, mesmo que seja dentro do nosso Estado, já que Minas Gerais, que é do tamanho da França, acaba agregando comunidades, povoados, cidades, vilas com personalidade, ritmo e valores próprios. Isso sem falar na diversidade e beleza geográfica.

A última viagem aconteceu logo antes de engravidarmos. Fomos para Austria, Alemanha, Hungria e República Tcheca. Mal chegamos ao Brasil e descobrimos que você já estava lá na barriga da mamãe, que ainda se recuperava da Toxoplasmose contraída não sei bem como, semanas antes de você começar a se materializar como um serzinho dentro de mim.

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De uns dias para cá, de repente, você parou de querer comer, começou a ensaiar suas primeiras birras, passou a acordar a noite porque perdeu o bú no berço e, mesmo com tudo isso, venho experimentando novamente aquele sentimento de saudade do que estou vivendo, plenamente consciente de que esse é um período muito especial em minha (nossas) vida(s).

Me silencio para tentar captar melhor as cores, os sentimentos, as descobertas, as dores e as alegrias de ter um bebê preenchendo minha vida, me ensinando a ser uma pessoa melhor, mais paciente, mais generosa, mais leve, com menos energia, algumas olheiras e também mais esquecida, distraída, mas, ao mesmo tempo, mais inteira.

E eu, que sempre gostei de me sentir livre, independente, solta, já não consigo imaginar a idéia de viajar sem você.

E a vida vai seguindo assim, tranquila, caseira, na rotina e ritmo de um pequeno ser que comanda nossas vidas, nossos horários, nosso espaço e que enche de deslumbramento, choros, birras e gargalhadas os nossos dias.

sábado, 1 de outubro de 2011

Tatuagem

Meu pequeno, na segunda semana do mês de agosto mamãe foi submetida a uma cirurgia para retirada da vesicula e, por causa disso, acabei ficando trinta dias sem poder ter carregar.

Foi um período difícil para nós dois.

Logo nos primeiros dias você já percebeu que algo de diferente estava acontecendo e, de repente,  parou de me pedir colo. Isso cortou o meu coração. Como o papai tem viajado bastante, a vovó Marília praticamente se mudou para cá, e essa foi a única parte boa da estória: uma verdadeira farra a vovó aqui para fazer todas as suas vontades e te ensinar milhões de coisas proibidas.

Para mim não foi nada fácil ficar tão impotente, me sentindo tão incapacitada diante dos seus choros e necessidades. Ainda que eu pudesse me abaixar e te confortar no chão ou sentada em uma cadeira, logo logo descobri que NADA substitui um bom colinho.

Queria que você soubesse que doeu muito em mim meu amor, mas passou!

No dia que completaram os exatos trinta dias pedidos pelo cirurgião, como se nada tivesse acontecido, voltei a te carregar.

E quando voltei ao médico para a última revisão, você já estava se aninhando há vários dias no colinho da mamãe.

Na consulta descorbri a origem da dorzinha que senti quando voltei a te carregar… Alguns dos pontos se abriram um pouco e, provavelmente, deixarão uma pequena cicatriz onde foi feito um dos cortes. Mas isso não tem a menor importância. Essa marca será como uma pequena  tatugem que nos lembrará para sempre da minha urgência em te ter nos meus braços novamente.