sábado, 8 de outubro de 2011

Devaneios

Outro dia, conversando com seu pai, percebemos que há mais de um ano e cinco meses não saímos a noite com nossos amigos, ou para um cineminha ou para namorar.

Na verdade, saímos uma única vez para o aniversário de um amigo, e nessa ocasião, a Tia Silvia ficou com você aqui em casa.

Naquela noite dançamos, rimos, jogamos conversa fora como há muito não faziamos. Foi bacana. Fizemos uma opção meio inconsciente pela maternidade/paternidade integral, que significa que, quando não estamos trabalhando, nos dedicamos quase que exclusivamente a você.

***

Sinto muita falta de viajar. Colocar o pé na estrada sempre me atraiu e faço isso desde sempre, mesmo quando não tinha dinheiro para financiar passagens e estadia e mesmo tendo um pai – seu vovô Louwerens - para lá de bravo e autoritário. De qualquer forma, sempre consegui dar uma escapadinha aqui ou outra ali.

Gosto da aventura, da sensação de me sentir livre, fora da rotina, gosto de ampliar meus horizontes, de conhecer novas culturas, mesmo que seja dentro do nosso Estado, já que Minas Gerais, que é do tamanho da França, acaba agregando comunidades, povoados, cidades, vilas com personalidade, ritmo e valores próprios. Isso sem falar na diversidade e beleza geográfica.

A última viagem aconteceu logo antes de engravidarmos. Fomos para Austria, Alemanha, Hungria e República Tcheca. Mal chegamos ao Brasil e descobrimos que você já estava lá na barriga da mamãe, que ainda se recuperava da Toxoplasmose contraída não sei bem como, semanas antes de você começar a se materializar como um serzinho dentro de mim.

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De uns dias para cá, de repente, você parou de querer comer, começou a ensaiar suas primeiras birras, passou a acordar a noite porque perdeu o bú no berço e, mesmo com tudo isso, venho experimentando novamente aquele sentimento de saudade do que estou vivendo, plenamente consciente de que esse é um período muito especial em minha (nossas) vida(s).

Me silencio para tentar captar melhor as cores, os sentimentos, as descobertas, as dores e as alegrias de ter um bebê preenchendo minha vida, me ensinando a ser uma pessoa melhor, mais paciente, mais generosa, mais leve, com menos energia, algumas olheiras e também mais esquecida, distraída, mas, ao mesmo tempo, mais inteira.

E eu, que sempre gostei de me sentir livre, independente, solta, já não consigo imaginar a idéia de viajar sem você.

E a vida vai seguindo assim, tranquila, caseira, na rotina e ritmo de um pequeno ser que comanda nossas vidas, nossos horários, nosso espaço e que enche de deslumbramento, choros, birras e gargalhadas os nossos dias.

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