quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Cama desarrumada

Quase 8 meses na cama (4)Ontem na TV da sala de ginástica do prédio estavam ensinando como arrumar a cama. Duas vizinhas começaram a falar sobre técnicas de dobrar lençol e, com isso, eu lembrei-me de que pouco tempo depois de casada decidi parar de fazer a cama.

O papai seguiu fazendo nossa cama por um tempo, até que percebeu que só ele a fazia. Quando me indagou o porquê, eu disse que por mim ele não precisaria arrumá-la e que eu gostaria de ter a liberdade de não fazê-lo se eu não estivesse com vontade, ou seja, todos os dias. Desde então nossa cama passou a ficar mais desarrumada do que feita.

Quase 8 meses na cama (5)Olhando para trás percebo que, rebelde aos 26 anos, decidi não mais fazer a cama. Concluí que já havia esticado lençóis todos os dias de minha vida até então e que, agora,  morando na minha própria casa, se eu não quisesse não precisaria mais seguir essa rotina.

A partir daí,  nossa cama só era feita no dia da diarista. Eu e seu pai passamos a “pedalar” todas as noites para esticar o lençol.

Atualmente a Sueli  a arruma quando quer. O mais engraçado é que ela também não faz a cama todos os dias e nós não ligamos nem um pouco dela continuar desarrumada.

Quase 8 meses na cama (1)

Hoje, enquanto eu caminhava na esteira ouvindo as dicas e ensinamentos das vizinhas, refleti sobre a minha decisão de não mais fazer a cama. Talvez, inconscientemente, essa opção represente mais um passo para a minha libertação de um passado de hierarquia, de tarefas a cumprir e de uma educação à moda holandesa para lá de  rígida.

Quase 8 meses na cama (2)

Lembro-me de que a sua tia Heidi embolava o lençol embaixo do edredom para enganar o vovô Louwerens e que, por muito tempo, isso passou despercebido, até que um dia ele descobriu a manobra.

Demorou algum tempo para eu descobrir que, na minha casa, se eu não quisesse, não precisaria mais fazer a cama. Ainda sigo muitas regras que  não são minhas, e continuo com a característica de ser uma pessoa bastante organizada. Nossa casa é quase toda impecável, mas a cama por fazer é uma zona de libertação, a minha faixa de gaza, um símbolo que representa e encerra algumas tendências inconscientes e padrões de comportamento impostos.

Quase 8 meses na cama (3) Não pense que com isso você estará liberado para não fazer sua cama ou para não organizar seu armário e quarto quando já for grande o suficiene para tanto.

Acredito que regras são bem vindas e moldam  a nossa personalidade, mas chega um momento em nossas vidas em que devemos olhar para dentro com o intuito de  descobrir as nossas próprias regras e valores, assumindo o leme e direção a seguir. E isso não é tão fácil quanto parece. Demanda muita observação, paciência, persistência.

O que te digo é que resultado vale a pena. Tudo o que nos torna mais conscientes de nós mesmos, mais centrados e atentos ao que está acontecendo em nosso interior vale muito a pena, meu filho.

Quero te ver independente, criando e descobrindo suas próprias regras, rejeitando e acatando as que eu colocarei em sua vida por amor, por proteção. Tudo no seu devido tempo.

2 comentários:

  1. Dinda Marina e tio Kalle não fazem a cama há 10 anos ... he he he ...

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  2. Recebi esse texto, que não sei de quem é, por e-mail e lembrei-me desse post "cama desarrumada".

    CASA ARRUMADA

    A vida é muito mais do que isso...
    "A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

    Casa arrumada é assim:
    Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
    Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
    Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
    Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
    Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
    Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
    Sofá sem mancha?
    Tapete sem fio puxado?
    Mesa sem marca de copo?
    Tá na cara que é casa sem festa...
    E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
    Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
    Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
    Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
    A que está sempre pronta pros amigos, filhos... Netos, pros vizinhos...
    E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
    Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
    Arrume a sua casa todos os dias...
    Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
    E reconhecer nela o seu lugar.

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